Para os novos adeptos ao universo da cachaça ou para os antigos apreciadores, esta dúvida já deve ter passado em suas cabeças “qual a diferença entre cachaça artesanal e a cachaça industrial?” Para acabar de vez com esta dúvida, criamos este artigo com os especialistas em cachaça para nos trazer as diferenças entre estes dois modelos de produção desta bebida para que você tenha a melhor experiência possível ao consumir esta histórica bebida!
Antes de tudo, precisamos entender o peso que esta bebida tem e para isso, precisamos conhecer a sua história e importância para o Brasil:

A história da cachaça

A história da cachaça

A cachaça tem grande importância cultural, social e econômica para o nosso país. Ela está conectada diretamente à cultura indígena, africana e portuguesa, que já consumiam bebidas obtidas pela fermentação, fato que fez com que o surgimento da cachaça ocorresse de maneira natural nos engenhos em território brasileiro.

Os primeiros registros de produção da cachaça apareceram entre 1530 e 1550, quando a cana-de-açúcar era o motor da economia do então Brasil colônia.

Portanto, o surgimento da cachaça teve início com a expansão da cultura da cana-de-açúcar pelo país. Durante este ciclo, surgiram pequenos engenhos que produziam cachaça e em 1629, existiam mais de 300 deles espalhados pelo território nacional.

Durante o período de escravidão, a cachaça era muito consumida pelos escravos e era também utilizada como remédio e moeda de troca. Entre 1639 e 1659, a bebida passou por várias fases de proibição decretadas pela Coroa Portuguesa.

Com esta origem humilde e “marginalizada” ninguém contava com o sucesso exponencial desta bebida entre alta sociedade mundo a fora. Foi em 1808 que a cachaça passou a ser considerada um dos principais produtos da economia brasileira, apreciada principalmente pelos nobres.

A cachaça como forma de política

Seu consumo, muitas vezes, esteve associado ao cunho político, como no período pré-independência, quando em sinal de patriotismo, substituiu as bebidas vindas de Portugal; durante a conjuração mineira em 1789 e na revolução pernambucana em 1817, sempre utilizada como uma chama de patriotismo em oposição aos portugueses.

Outro momento histórico em que esta bebida esteve presente foi na comemoração dos 500 anos do Brasil, em 22 de abril de 2000, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso fez um brinde com cachaça.

Em 1994, a cachaça foi declarada Patrimônio da Cultura Brasileira e apenas em 2012, foi reconhecida como produto de origem brasileira pelos Estados Unidos.

O sucesso da cachaça entre os paladares mais apurados e exigentes

A cachaça, de origem humilde entre os trabalhadores escravos nos engenhos de açúcar nos anos 1500, agora é símbolo de história, tradição e união com o Brasil está ganhando novos e exigentes apreciadores.

Atualmente, a cachaça representa 50% do consumo total de destilados no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de bebidas (ABRABE)*, destacando-se o crescimento do produto premium em frente à cachaça industrial convencional por parte de consumidores mais exigentes com poder aquisitivo mais elevado.

A verdade é que hoje em dia a cachaça assumiu a condição de cool por parte dos consumidores, fato que ocorreu com outras bebidas étnicas que carregam valores culturais.

A diferença entre cachaça artesanal e cachaça industrial

Segundo Leandro Hilgert, mestre cachaceiro por trás da Harmonie Schnaps, cachaçaria artesanal com rótulos premiados nacional e internacionalmente, as grandes diferenças entre estes dois tipos de cachaças, está no modelo de produção que influencia diretamente no sabor e aroma da bebida.

Diferença entre os métodos de produção

A diferença entre cachaça artesanal e cachaça industrial

As cachaças artesanais são produzidas em menor escala, o que impacta diretamente no preço destas bebidas, resultando em uma bebida única. Já as cachaças industriais possuem uma produção que pode chegar a milhões de litros por ano.

No caso da Harmonie Schnaps, até mesmo o processo de plantio e manuseio da matéria prima, a cana-de-açúcar, é artesanal. “A cana de açúcar é cultivada sem agrotóxicos e na hora da colheita não é feita a queima e sim a despalha manual.” Destaca Leandro Hilgert.

“A cana de açúcar é cultivada sem agrotóxicos e na hora da colheita não é feita a queima e sim a despalha manual.”

Para a produção das cachaças artesanais, utiliza-se apenas o caldo da cana (garapa) sem o bagaço. A fermentação é feita com leveduras selecionadas, depois de fermentado é feita a destilação em um alambique de cobre. No processo de produção de cachaças industriais, utiliza-se muitas vezes durante a fermentação, alguns aditivos químicos para se chegar a uma redução de custos e aumentar o rendimento da produção. A cachaça industrial é destilada de forma simples através de destiladores de aço inox em coluna.

Sabor e aroma

Na diferença de métodos de destilação está um dos grandes diferenciais entre as cachaças artesanais e industriais, uma vez que o modelo de destilação natural, em alambique de cobre, como o utilizado pelas cachaças artesanais, resulta em uma bebida mais fina e rica em sabores e aromas.

Na destilação do caldo de cana-de-açúcar, temos três partes: cabeça, coração e cauda e a cachaça artesanal é composta somente pela parte do meio, o coração, que possui a graduação alcoólica ideal e maior qualidade. A cabeça (a primeira parte do processo de destilação com maior graduação alcoólica que resulta em uma forte ardência na garganta ao ser ingerida) e a cauda (a última parte resultante da destilação) não são utilizadas, pois elas podem ser prejudiciais à saúde e interferem diretamente na qualidade do produto final.

A separação correta destas três partes do destilado é que são fundamentais para a qualidade superior da cachaça artesanal assim proporcionando um aroma e sabor inigualável.

Conclusão

Seja você um novo adepto ao mundo das cachaças premium ou um antigo apreciador aficionado, entender que além do peso histórico e cultural, existe uma diferença significativa pelos métodos de produção. Portanto, na hora de apreciar uma saborosa cachaça, deve-se ser levado em consideração uma experiência memorável, priorizando paladar e aroma. Nem sempre o mais barato é o melhor. Priorize a produção natural e artesanal, pois por trás de cada rótulo das melhores cachaças artesanais brasileiras, há um artista cuidando minuciosamente cada parte do processo de produção.

Se você tem alguma opinião ou uma dúvida, deixe nos comentários que queremos saber o que você pensa.

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Um brinde a cachaça!

Um brinde ao Brasil!